O pai sorriu, e foi a mãe a responder:
— Vicente! Quem conduz tem responsabilidade pela nossa vida e a dos outros. É muito
sério. Só os crescidos o podem fazer. Primeiro é preciso aprender.
O Vicente não ficou satisfeito:
— E o papá aprendeu?
— Claro, o papá e a mamã — esclareceu a mãe.
— Então e como é que nós sabemos que vocês aprenderam o que era preciso?
— Porque temos de fazer um exame — continuou a mãe.
— E só se formos aprovados é que nos dão a carta de condução.
A Rita, entretanto, adormeceu. Para não a acordar, o resto da família resolveu prosseguir
a viagem em silêncio. Mas o Vicente continuou a anotar em tracinhos tudo o que lhe parecia
mal na estrada. Ao fim de um tempo, não resistiu a perguntar baixinho:
— Posso fazer uma pergunta, papá?
— Claro, meu navegador — sorriu o pai. — Fiz mais alguma asneira?
— Desta vez acho que não. Quando é que chegamos?
— Sabes uma coisa? — respondeu o pai aliviado. — Mais importante do que chegar é como
se chega e o que acontece durante a viagem. E tu, Vicente, mostraste isso hoje a todos nós.
Mas estamos quase…
26