— São fósforos? — pergunta a mãe.
— Se calhar são mesmo as colunas do Templo de Diana – arrisca a Mariana.
— Não é o Templo de Diana, minha maninha Mariana.
— Olha, o Vicente fez um verso — sorri a mãe. — Temos mesmo um poeta na família.
— Parecem as grades da minha cama antiga — alvitra a Rita.
— Vá lá, Vicente, explica-nos o que é isso — pede o pai, que mal pôde olhar para o bloco
por ir a conduzir. — É um canavial?
O Vicente revela então o mistério:
— Isto não são postes, nem fósforos, nem canas, nem grades, nem o Templo de Diana.
Por cada coisa mal feita que vi hoje a conduzir, resolvi fazer um tracinho. Já estão aqui nove
tracinhos.
— Mas essas asneiras não foram só minhas, pois não, Vicente? — quis saber o pai.
— Não, papá, foi tudo o que aconteceu à nossa volta – concluiu o Vicente. — Já vi que, se
não houver respeito pelas regras, conduzir pode ser muito perigoso.
— Realmente são nove razões para uma condução atenta — atalhou a mãe. — E ainda só
vamos a meio da nossa viagem. Se calhar há-de haver outras tantas daqui até Faro.
O Vicente interpela então o pai:
— Papá, por que é que não me ensinas a conduzir? Podia ir eu a guiar. Já sei muita coisa.
25