— Podes, Vicente, quando fores mais velho, como a tua irmã — esclarece o pai. — Os
meninos mais pequenos vão mais seguros nas cadeiras.
— Tens de ter 12 anos ou mais de metro e meio de altura — diz a Mariana, como se fosse
uma professora a dar a lição. — Eu sei porque quando era pequena estava sempre a querer
largar a cadeira.
— Tenho uma ideia! — exclama a mãe. — Vamos fazer um jogo sempre que entrarmos no
carro?
— Sim! — reage logo o Vicente, antes mesmo de saber pormenores. — Qual é?
— O primeiro que tiver o cinto diz: “Primeiro!” O segundo diz: “Segundo!” E por aí fora. O
pai só arranca quando chegar ao último.
— E quem ganha?
— Ganhamos todos, porque assim não se aleija ninguém — responde a mãe.
E todos riem, enquanto entram na auto-estrada, deixando a casa deles cada vez mais
distante. Toca o telemóvel do pai. Hesita sobre o que fazer, mas como é do trabalho decide
atender — e sem auricular.
— Está? Está lá? — diz, enquanto o Vicente o imita atendendo também o seu telemóvel
de brincar com uma mão e mantendo a outra no volante de plástico.
— Ó mãe, tanta coisa com o cinto e agora o pai atende o telemóvel? — desabafa a Mariana.
6